Agenda de compromissos é coisa séria e, muitas vezes, difícil de cumprir à risca porque, além do grande volume de reuniões, seu planejamento deve também levar em conta a agenda de todas as pessoas envolvidas. O imprevisto geralmente invade nosso dia, sem bater à porta. Tudo isto sabemos que faz parte do mundo dos negócios.
Porém, depois do encontro com um amigo, aprofundei minha reflexão sobre o assunto. Ele me relatou que, após duas horas de viagem, foi dispensado de uma reunião, ao atravessar o portão da empresa. Segundo a secretária, que o comunicou pelo celular, o executivo que a havia marcado não poderia atendê-lo. "Marcaremos novo dia e horário", concluiu a mensageira da má notícia.
Diante da indignação do meu amigo, que começava a duvidar da seriedade da empresa em questão...



... devido ao ocorrido, certamente um ato involuntário do executivo que havia desmarcado o encontro, reforcei meu conceito sobre a importância das pequenas coisas na vida profissional e, porque não dizer, na pessoal.
Esse tipo de "contratempo", acreditando que a maioria dos leitores já tenha passado por situação semelhante, costuma nos causar desconforto e uma revolta súbita. Entretanto, depois de algumas queixas indignadas dirigidas aos próprios botões, vamos cuidar da vida e pronto. E o mesmo fazem aqueles que deixam de cumprir seus compromissos conosco.
Ou seja: tanto quem não é atendido como quem cancela um compromisso acabam passivos diante do "inevitável", postura que pode levar qualquer um a uma armadilha: repetições inconscientes de comportamentos considerados "normais". Afinal, quem nunca cancelou um compromisso ou deixou alguém esperando para ser atendido? Por isto, devemos ficar todos atentos, pois o prejudicado de hoje, por força de um hábito socialmente tolerado, pode ser o causador do mesmo prejuízo amanhã.
O que parece pequeno, um detalhe no complexo mundo empresarial, pode ganhar corpo e gerar um passivo cultural, uma dívida que, certamente, será cobrada. Insensibilidade e descaso, conscientes ou não, com os diversos círculos de relacionamento – fornecedores, funcionários, clientes –, desvendam um microscópico elo comprometido de um DNA que pode contaminar todo o organismo empresarial.
Aqui vale relembrar Peter Drucker: "Ouvimos falar muito a respeito da cultura de uma organização, mas o que isto quer de fato dizer é o compromisso de toda uma empresa com alguns objetivos e valores comuns", o que implica comportamentos como "fazer para os outros o que gostaria que fizessem para você", segundo o exercício de autoridade definido por Dante Alighieri, uma prática que deve ser exemplificada pela alta direção, o primeiro agente de formação da cultura empresarial.